quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Texto Argumentativo

Nunca como hoje o tema do celibato sacerdotal foi tão discutido, tema de inúmeras controvérsias entre os que apoiam e os que se opõem a esta regra imposta aos sacerdotes aquando da sua entrega a Deus.

A Igreja Católica atravessa uma crise de valores, cada vez é maior o confronto entre os ideais católicos, alguns dos quais não se adequam com a sociedade actual, e as mentalidades revolucionárias visto serem as que prevalecem hoje em dia.

Posto isto, é necessária a mudança de algumas das posições da igreja face a certas temáticas, e, neste caso, falo em relação ao casamento para padres e freiras, que penso que deve ser permitido o mais rapidamente possível.

A primeira grande objecção contra o celibato provém da fonte mais credível da igreja: a Bíblia. O Novo Testamento não exige o celibato dos seus pastores, apenas o propõe simplesmente como uma opção ou resposta a uma vocação especial, “(…)e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus.” (Mt 19, 12). Para além disto, Jesus não impôs a condição do celibato ao escolher os Doze, como também os Apóstolos não a impuseram àqueles que colocaram à frente das primeiras comunidades cristãs: “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;” (1 Tm 3, 2). Será, então, correcto impor o celibato se nem a Bíblia assim o diz?

A juntar a isto, temos ainda o que é dito no Sacrosanctum Concilium, uma encíclica do papa Paulo VI, e passo a citar “A Igreja faz coincidir o dom da vocação sacerdotal com o da perfeita castidade. Ora pode acontecer que alguém receba o chamado para o ministério sagrado sem receber ao mesmo tempo o dom da vida celibatária”

A segunda objecção relaciona-se com a escassez numérica de clero que observamos nos dias de hoje devida, em grande parte, à lei do celibato. Isto é comprovado pelo número, cada vez maior, de sacerdotes que abandonam a igreja para contraírem matrimónio, junto com o número de aspirantes a padres e freiras que acaba por nem chegar à igreja, pois o valor da família fala mais alto do que o amor a Deus. Esta carência de clero chega a pôr em risco a pregação da palavra sagrada. “Se o matrimónio fosse permitido aos padres, haveria maior número de vocações; muitos jovens parecem desistir do sacerdócio por sentirem atractivo para o casamento. Este uma vez concedido, a carência de sacerdotes deixaria de ser o problema que ora tanto preocupa a Igreja” (Sacrosanctum Concilium).

Em suma, poderá a igreja dar-se ao luxo de perder muitos dos seus sacerdotes, continuando com uma imposição que nem sequer é referida nos textos sagrados?

Penso que está na altura desta entidade religiosa se adaptar à realidade actual e, por estes dois motivos e por muitos outros, o celibato deve ser abolido, permitindo que o sacerdócio co-habite com o matrimónio.


Texto Argumentativo com plano (modificado) em formato .pdf


Modificado em 7 de Março de 2009

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