quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

História do País do Silêncio

Silêncio que se vai contar uma história.




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Silêncio. Silêncio era a única coisa que se ouvia naquele país. Pensando bem acho que nem o silêncio se ouvia. Era um lugar estranho aquele, não havia pássaros a cantar, nem o barulho das campainhas da escola, nem rádios ou televisões, nem sequer se ouviam pessoas a conversar!

Todas as criaturas carregavam no rosto uma expressão séria, por vezes, triste. Até o sol tinha decidido não dar o ar da sua graça àquela gente e o céu, dia após dia, mantinha-se cinzento.

Nunca tinha visto nada assim. Na rua as pessoas seguiam caladas, solitárias e era constante ouvir: “-Está calado meu filho! Já te disse que não se pode falar.”

De inicio, ainda pensei que eram as pessoas que não simpatizavam muito com conversas, que gostavam de todo aquele silêncio. Mas só passados alguns dias é que me apercebi realmente do que se passava naquele país. Sim, é isso, era mesmo proibido fazer barulho por lá. “Neste país é expressamente proibido a todas as pessoas: falarem, cantarem, ouvirem rádio ou verem TV em locais como a rua, cafés, hospitais, etc., ou seja é punível por lei qualquer tipo de ruído em sítios públicos”

Não poder ter uma simples conversa, não ter permissão para ouvir uma música ou saber o que se passa no mundo a nossa volta. Não entendo como é que aquelas pessoas viviam assim.

Mas, um dia, o sol brilhou e nesse mesmo dia, tudo mudou. As pessoas saíram à rua a cantar, todas as vozes se uniram numa só contra a opressão em que viviam. Invadiram a casa cinzenta, a casa do presidente do país, e cantaram, conversaram e fizeram carpido até o sol se pôr.

A casa cinzenta não foi a única a ficar na posse destes defensores da liberdade sonora e, com isto, o estado cedeu.

Eram livres.

Daí em diante passou a ser possível proferir, murmurar, tagarelar, contar, dizer, pronunciar, conversar, cantarolar e, finalmente, podiam sorrir.

- Gostaram da história meninos?

- Sim – responderam em uníssono.

Gostavam de viver num país onde não pudessem falar livremente? Onde teriam que aprender linguagem gestual ou terem que escrever um papel para comunicarem entre vocês?

Em Portugal também aconteceu uma situação semelhante à desta história. Há alguns anos atrás, no nosso pais, não era permitido dizer a o que achávamos, nem o que sentíamos. Vivíamos numa ditadura, quase 50 anos de opressão e de tristeza.

O dia 25 de Abril de 1974 foi um dia muito feliz para os Portugueses, porque, tal como os habitantes do “país do silêncio”, deu-se uma revolução militar que nos devolveu a liberdade e o que nos permite hoje fazer o que quisermos, desde que com responsabilidade.

1 comentário:

Ricardo Sousa disse...

Permite-me a invasão para dizer que adorei... :) Só quando fizeste o paralelo é que percebi o que querias com todo o texto. Fantástico! ;)