domingo, 15 de março de 2009

Contra-Relógio


Ainda me lembro. Já passaram dois anos. Apesar disso está tudo tão vivo na minha memória como se tivesse sido ontem. Marcou-me, mas acima de tudo mudou-me.

À primeira vista, ele parecia uma pessoa como todas as outras, aquelas, as que se denominam “normais”. Por vezes é só o título, porque até os designados (a)normais conseguem ser mais normais. Mas esta conversa ficará para outra ocasião, voltemos à história.

Sempre foi indiferente a todos na escola. Era apenas aquele rapaz que não tinha amigos e que estava sempre sozinho, o típico miúdo tímido que vive no seu próprio mundo.

Um dia, nunca cheguei a perceber bem o porquê, falei-lhe. Que horas são? São neste momento 16 horas. 16 é um número composto que tem como factores próprios o 1, 2, 4 e 8. É quadrado de 4 e a quarta potência de 2, a soma dos seus divisores é 31 e pode ser escrito como a soma de 2 números primos: 3+13 ou 5+11. Respondeu-me sem sequer me olhar uma única vez e sempre a balançar para trás e para a frente, quase ao ritmo do tic-tac do relógio.

Retribui-lhe com um obrigado e avancei mas, ao mesmo tempo, fiquei. Sim, fiquei com o pensamento no que se tinha passado naquele momento. Foi qualquer coisa de diferente e de estranho. Ele com certeza que não era só um daqueles vulgarmente chamados “geniozinhos da matemática”. Era mais qualquer coisa…

Nos dias que se seguiram foquei toda a minha atenção naquela figura singular. Segui com especial sentido os seus comportamentos. Depois desta minha observação, notei que nunca lhe tinha visto um sorriso, mas também nunca contemplei uma expressão mais amargurada. Descobri ainda que o balançar, que vi na nossa primeira conversa, era frequente nele e que era comum vê-lo a observar as folhas das plantas, mas apenas as folhas. Quanto mais o observava, mais queria saber acerca dele.

Segunda opção, pensei eu, aproximar-me, ou seja, conhecê-lo como pessoa. E assim fiz. Tentei meter conversa com ele uma ou duas vezes, nos intervalos das aulas, mas sem sucesso. Parecia sempre que eu nem sequer estava ali ao pé dele.

Um dia dei com ele, Pedro, era o seu nome, perto da cantina a andar em círculos. Aproximei-me.

- Que fazes tu?

- Esta circunferência que estou a percorrer é o lugar geométrico de todos os pontos do plano do chão que estão à mesma distância do centro. O seu perímetro é π, pois o seu raio é meio metro. Num sistema de coordenadas cartesianas pode ser descrita pela equação: x menos a ao quadrado…

- …mais y menos b ao quadrado igual a raio ao quadrado. Sim, eu sei. Também gosto muito de matemática. – disse eu, roubando-lhe a palavra.

- Eu gosto de matemática também. Tenho de ir almoçar. São 12 horas e 7 minutos, está na minha hora. – e seguiu rapidamente, abandonando o movimento circular que estava a executar.

E mais um aspecto que me saltava a vista, Pedro era de todo um rotineiro, fazia o mesmo todos os dias incrivelmente às mesmas horas.

Fascinava-me. Sim, não é comum, sei que qualquer outra pessoa o chamava doido e nunca mais se lembrava de tal rapaz. Mas comigo não, prendeu.

Tinha que saber o porquê daquela conduta. Pergunto-lhe? Hum, pode ficar ofendido. Já sei, vou perguntar na secretaria da escola informações sobre ele.

Surpresa das surpresas a funcionária da secretaria disse-me logo o que eu não queria ouvir. Pedro era autista.

Mas o que é isso do autismo? O autismo é uma perturbação do desenvolvimento neurológico infantil que se prolonga por toda a vida e evolui com a idade. Afecta a capacidade da pessoa comunicar, de estabelecer relacionamentos e de responder apropriadamente ao ambiente que a rodeia. Nem todos os autistas são iguais, existem autistas mais sociais que outros, outros são mais inteligentes, e por ai adiante. Existem muitos mitos, teorias erróneas e preconceitos acerca deste tema que devem ser ultrapassados para que se possa olhar o autismo de forma diferente, com mais respeito e dignidade.

Depois de saber da sua condição não passei a ter pena dele ou a achá-lo um miserável. Pedro era só uma pessoa que pensava diferente e vivia conforme as suas regras.

Sempre que podia e que ele tinha disposição para isso, ia ter com Pedro para o ouvir falar do mundo onde ele se sentia verdadeiramente bem, o mundo da matemática. Passava horas a ouvi-lo falar sem dizer uma única palavra. Diz-se que Albert Einstein era autista, quem sabe eu não estava também perto de um génio?


Modificado a 11 de Maio de 2009

sexta-feira, 13 de março de 2009

Texto Argumentativo- Violência na TV

Actualmente, ao ligarmos a televisão, é cada vez mais frequente depararmo-nos com notícias de guerra, assaltos, mortes e ainda com programas em que o recurso à violência impera.

Como sabemos, as crianças são as principais admiradoras desse pequeno aparelho que é a televisão e de tudo o que lá é transmitido. Significa isto que é de extrema importância a redução do número de programas que contenham violência explícita por parte dos canais de TV, principalmente em horários nos quais a maioria das crianças assiste à televisão, visto que esta exposição poderá ser um dos factores que as influenciará na sua vida, nomeadamente na sua personalidade e atitude na resolução dos problemas que lhes irão surgir.

Em primeiro lugar, é possível afirmar-se que a violência a que as crianças estão expostas nos diversos programas televisivos lhes pode provocar comportamentos violentos. Esta é uma opinião compartilhada por muitas pessoas que, apesar do que se possa pensar, não é apenas uma ideia do senso comum, na medida em que está comprovada por diversos estudos. Tome-se como exemplo um trabalho do Instituto de investigação Social da Universidade de Michigan (Estados Unidos da América), coordenado pelo psicólogo L. Rowell Huesmann e apresentado na edição de Março de 2003 da revista Development Psychology, o qual demonstra que crianças de ambos os sexos que assistem a muitos programas televisivos violentos têm um elevado risco de desenvolverem um comportamento agressivo em adultos.

Para esta situação, surge como uma possível explicação o facto de as crianças não fazerem a distinção entre a ficção e a realidade, o que as leva a pensar que o que vêem na televisão são os comportamentos mais correctos a ter. Já o famoso austríaco fundador da psicanálise, Sigmund Freud, depois de muitas investigações relacionadas com a mente humana, constatou que as crianças utilizam o faz-de-conta tanto ou mais que a realidade concreta para a sua construção psíquica. Quer então isto dizer que toda a violência que preenche os desenhos animados aos quais as crianças tanto gostam de assistir, tais como o Dragon Ball, Tartarugas Ninja, Power Rangers e tantos outros, lhes vai incutir valores contraproducentes à sua formação como pessoa.

Em jeito de conclusão, é legítimo que se imponha às estações de televisão uma restrição de exibição de material violento nas suas grelhas de programação, dado que a exposição a este tipo de conteúdos é extremamente prejudicial no desenvolvimento das crianças, pois, tal como diz o povo, “violência só gera violência”.


Texto Argumentativo COM PLANO em formato .docx


Modificado a 11 de Maio de 2009

sábado, 7 de março de 2009

Questão reformulada

O tema do nacionalismo (privilegiado pelos românticos) aparece claramente no Acto I de Frei Luís de Sousa.
Num breve texto de 20 a 30 palavras, redija uma nota informativa que explique a relação estabelecida entre o nacionalismo e uma personagem da obra à sua escolha.



O nacionalismo de D. Manuel revela-se no facto de estar contra o domínio espanhol e contra os seus apoiantes, acabando por queimar a sua casa em prol dos seus valores patrióticos.



Teste de Português, Grupo I, pergunta 5

Questão reformulada em formato .docx

Tabua Cronológica de Eça de Queirós

Tábua Cronológica de Eça de Queirós em formato .docx